Alvorecer.
Um momento mágico, aquele entre o adeus da noite e o bom-dia da manhã.
Da janela, um panorama irresistível pra quem não fechou os olhos por toda a noite.
Saio pra envolver-me naquele lençól fantasioso, ao encontro de um abraço abstrato que só uma alma vagante pode sentir.
Aquele momento fugente, dura o tempo de um bater de olhos.
Quero mergulhar, sem reservas.
Sinto o leve roçar da areia debaixo dos meus pés nús, o perfume da brisa nos meus cabelos.
Tiro aquele ténue baby-doll que envolve o meu corpo, me deito sobre a areia fresca, fecho os olhos e deixo q a intimidade daquela manhã, me seduza.
É uma sensação indecifrável, cognitiva dos espíritos superiores.
Nada, ninguém poderá atordoar o encanto daquele momento.
Existe somente a natureza: o céu, o mar... entre eles, estou eu!
A sensualidade me penetra por osmose, onde quer que exista um póro.
E nessa narcose, sinto a maciez de uma pluma, roçagar a auréola do meu seio.
Que percepção delirante! Sinto um maravilhoso mix de sensualidade e conforto.
Me abandono àquela doce carícia, sem impor fronteira, sem abrir os olhos...
Tenho medo que aquele momento se esvaneça. Gostaria de agarrá-lo por toda a eternidade...
A pluma se move lentamente... circunscreve os meus seios, preenche os meus desejos. É a primeira vez que eu gamo por uma pena. É o amor...
Continua a descer, demarcando as linhas do meu corpo nú, até os pés. Sobe de novo... entre minhas pernas, estaciona no púbis. Se embaraça nos pelos crespos e tenta mergulhar dentro. Um arrepio voluptuoso se apodera do meu corpo e me faz tremer! É amor... o verdadeiro amor!
Estar pra invadir-me um malicioso e infantil orgasmo, mas... paradoxalmente, o mais profundo e incontenível(?).
Naquele exato momento ad hoc, a pluma desaparece... não sinto mais a sedução das suas carícias. Os meus olhos continuam serrados. Ainda é cedo.
Espero ainda o seu retorno. Impaciente e posuida pelo temor de não mais sentir pousar em mim, as suas sensuais carícias.
Sinto correr um rio de desejos entre as minhas pernas. Abro os olhos, devagarinho...
Não sei o que as minhas pupilas poderão encontrar, o que estarão à procura, os meus desejosos olhos.
Talvez, um lindo cavaleiro dos olhos verdes, que, em pé diante de mim, nú e ansiante, assim como eu, espera que eu lhe abra docemente as minhas pernas, para poder possuir-me, inebriado como o viajante do deserto, quando encontra um oásis. Mas quando abro os olhos, não o vejo.. não tem nenhum cavaleiro a olhar-me, nem mesmo uma miragem para consolar-me.
Vejo uma astuto gaivota escapar velozmente, voando e assobiando, talvez, rindo da minha patética vergonha. Vi então, uma simples pluma branca, submersa na água do imenso mar da minha bramosia!
Ah, como é doce sonhar...! Somente os sonhadores sabem viver... e morrer!
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